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Jazz Versions

Jazz é uma coisa que ou você gosta, ou você não gosta!

Não existe meio termo, eu aprendi (e ainda aprendo) por amigos, através de uma cerveja ou outra, talvez um cigarro, sem me preocupar com quem tá ali, ou o nome da música ou em qual ano foi gravado… é uma parada que você escuta despreocupadamente, sem aquele compromisso de decorar nomes, você só relaxa e não tá preocupado em falar disso pros outros! Daí eu acredito que entra alguma mania, do tipo dirigir de madrugada ouvindo, ou antes de dormir relaxando depois daquele dia de cão.. eu mesmo faço isso, tem a hora certa pra você ouvir! E uma coisa é verdade… você relaxa!

Alguns nomes você até sabe ou já ouviu falar, do tipo Miles Davis, John Coltrane, Thelonious Monk, Art Blakey, Charles Mingus, Chet Baker, Herbie Hancock, Jaco Pastorius, The Dave Brubeck Quartet, Dizzy Gillespie, Marcus Miller, entre vários outros!

Daí tem uma parada que funciona pra você ouvir jazz, existia um programa maravilhoso na Rádio Eldorado FM (107.3) chamado SALA DOS PROFESSORES, apresentado por Daniel Daiben (manja nada!), onde ele te ensina a ouvir jazz, do ritmo, da interpretação jazzística do trompete, da bateria mandando no ritmo, do baixo conversando com a guitarra simultaneamente, do piano fazendo carinho sobre o som do saxofone, daquela olhada de um pro outro tipo falando: “Mano, espera aí que tô mandando meu som e logo é a sua vez”, do controverso, do improviso, da origem, da versão, da habilidade… e você presta atenção, e acha isso mó barato!

Ficou curioso pelo programa? Rádio Eldorado FM (107.3) – Sala dos Professores (Arquivo)

Mas então, uma maneira que você também pode tentar ouvir jazz é escutar algumas versões de músicas que talvez você já conheça! Eu particularmente prefiro as versões até do que as originais, elas se transformam num primeiro momento e ficam irreconhecíveis! Separei algumas músicas em versão jazz que eu achei mais legais, no YouTube você encontra muito mais!

The Stepkids – Get Lucky (Daft Punk ft. Pharrell Williams – Cover)

Presta atenção como eles se divertem!

The Doors – Riders on the Storm

The Doors – People Are Strange

Achei pesado!

Jazz Against The Machine – Bombtrack

É sim o que você tá pensando, cover de Rage Against The Machine!

The Andy Lim Trio feat. Rage Against the Machine – Killing in the Name

Essa é versão, mas não ficou legal pra caralho?

MENÇÃO HONROSA: Paul Anka

Presta atenção no que esse cara faz! É dele as letras de “She’s a Lady” de Tom Jones e “My Way” cantado por Elvis Presley, Frank Sinatra, entre outros.

Paul Anka – Wonderwall (Oasis – Cover)

Paul Anka – Black Hole Sun (Soundgarden – Cover)

Paul Anka – Eye of the Tiger (Survivor – Cover)

Paul Anka – Smells like teen Spirit (Nirvana – Cover)

Paul Anka – Jump (Van Halen – Cover)

Se gostou, experimenta depois começar ouvir Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Sharon Jones, Nat King Cole, Norah Jones, Diana Krall, Esperanza Spalding… que aos poucos você vai gostando!

Postado por Fábio (Grilo)


A cria e o criador? (Charles Bradley e James Brown)

Seguinte, aqui falaremos desse cara que é um monstro, sendo comparado com outro monstro! Cada um tem sua personalidade e sua importância, não que um seja mais importante que o outro… mas é que tipo, se um não existisse, provavelmente o outro também não! Tá confuso? Espera que vamos te explicar!

Charles Bradley (64 anos), tem em suas performances e estilo de gravação consistindo com os padrões revival da gravadora com a qual trabalha (Daptone Records), celebrando o sentimento da música funk e soul das décadas de 60 e 70. Demonstrando claramente as influências de James Brown, Sam Cooke e Otis Redding (tendo inclusive sido dito que ele ecoa a rendição evocativa de Otis Redding, FÓDA não é?)

Dá a impressão que o som desse cara foi gravado nessa década, e que foi completamente abandonado e esquecido no tempo até ser descoberto hoje! Uma parada oldschool!

Se liga no FEELING

Bradley foi criado por sua avó na Flórida até os 8 anos, viveu boa parte da sua infância nas ruas, quando conheceu sua mãe que o convidou para morar com ela no Brooklyn (Nova York). Em 1962, sua irmã o levou ao Apollo Theater para assistir um show de James Brown. Bradley ficou alucinado, aquilo mudou sua vida, sem piscar um minuto vendo o Rei do Soul arregaçando tudo e sendo ovacionado, e de tão inspirado pela apresentação começou a imitar em casa o estilo de James Brown cantar e dançar, e disse: “Eu também quero fazer isso aí e quero ser fóda! (e ter uma capa, talvez!)”

Na adolescência, Bradley fugiu de casa e foi morar nas ruas e em metrôs durante 2 anos. Trabalhou em bares, aprendeu a cozinhar e um tempo depois se alistou em um programa gratuito de educação e estímulo vocacional do governo, assim levando-o para trabalhar em um restaurante como cozinheiro-chefe. Certa vez enquanto estava trabalhando algum mano lhe disse que ele parecia com James Brown, ainda assim quando questionado se sabia cantar teve medo de admitir (aquele cagaço né?). Finalmente superou esse medo e fez cinco ou seis shows com uma banda, que acabou se separando quando os colegas de Bradley foram convocados para a Guerra do Vietnã.

“Venho me apresentando como James Brown, Otis Redding e Sam Cooke desde 1968”, conta. “Agora estou aprendendo a ser eu mesmo. É mais difícil, porque muitos momentos nas minhas letras me deixam sentimental, me fazem pensar nas coisas que estou falando. Estou cantando verdades da minha vida.”

Bradley continuou no seu trabalho de cozinheiro em um hospital para doentes mentais por 10 longos anos, até decidir se mudar atravessando o pais como caroneiro. Percorreu por Nova York, Seattle, Canadá e Alasca antes de finalmente estabelecer residência na Califórnia, onde trabalhou em empregos temporários e se apresentou em pequenos shows durante 20 anos (porra, faz as contas do quanto ele foi paciente, até aqui mais ou menos 30 anos!!!)

Quando em 1996, perdeu o emprego e decidiu retornar ao Brooklyn para ficar perto da sua família. Com o dinheiro que economizou, Bradley encheu um caminhão com seus equipamentos musicais, comprados ao longo dos anos, para novamente tentar a sorte como músico. Fez várias apresentações em clubes locais como sósia de James Brown usando o apelido Black Velvet. Durante esse período, passou por maus bocados, inclusive quase morreu em um hospital depois de ter recebido uma injeção de penicilina (da qual é alérgico) e acordado com a chegada da polícia na cena do assassinato de seu irmão na rua da casa de sua mãe!

Black Velvet

Durante suas apresentações como Black Velvet foi descoberto pelo co-fundador da Daptone Records, consequentemente sendo apresentado à Tom Brennek, que o convidou para os ensaios de sua banda. Bradley disse pra banda ir tocando seus instrumentos enquanto simplesmente ia improvisando letras durante as músicas (manja quase nada!). Depois de Bradley escrever algumas músicas, a Daptone lançou algumas delas em vinil começando em 2002, dez foram escolhidas para o seu disco de estréia: No Time For Dreaming (2011). Foram por volta de 45 anos imitando James Brown, deixa ele mostrar o som DELE agora!

(Observação: Ah, a banda? The Menahan Street Band, grupo de funk/soul experimental do Brooklyn, com músicos de outras bandas como Antibalas, El Michels Affair, Sharon Jones & The Dap-Kings e da Budos Band, só nome pesado!)

“Todos nós viemos da vida dura das ruas. Então, vendo-os (se referindo a seus ídolos), aprendi a não perder a esperança, que um dia aquilo poderia acontecer comigo, que eu encontraria meu caminho. Demorou, mas finalmente aconteceu.”

Na primavera de 2012 foi lançado Soul of America, um documentário dirigido por Poull Brien, que conheceu Bradley quando dirigiu o videoclipe para a música “The World (Is Going Up In Flames)”. O filme conta a história de Bradley desde sua infância na Flórida, passando por seus dias de mendigo e seus shows como Black Velvet, o filme termina com sua primeira turnê e gravação do disco pela Daptone Records. O segundo disco de Bradley, Victim of Love, foi lançado em 2 de abril de 2013 ainda pela Daptone Records.

Trailer: Soul of America (2012)

The World (Is Going Up In Flames)

E ele fez show por aqui na Virada Cultural de 2012!

Depois de saberem da história desse cara, escutem um pouco para terem noção realmente do que estamos falando, ele se entrega, ele é apaixonado pra caralho, ele destrói, ele chora, ele dança:

Charles Bradley and The Menahan Street Band (Full Performance – Live on KEXP)

Charles Bradley and The Menahan Street Band – This Love Ain’t Big Enough (Live in Paris 07.2011)

Love Bug Blues

Obrigado Charles Bradley, pela persistência!

Postado por Fábio (Grilo)